Cerveja vegana, camisas feitas de bambu e o sonho de um estádio de madeira: Como um clube de futebol da Inglaterra se tornou pioneiro na luta contra as mudanças climáticas.
Quem vai para assistir pela primeira vez um jogo de futebol do clube Forest Green Rovers na quarta divisão de futebol Football League 2, se surpreenderá:
Na vila Gloucestershire de 6.000 habitantes no leste da Inglaterra os fãs do clube chegam em carpools, com carro elétrico ou com transporte público ao estádio; na cantina há só comida vegana da região, cerveja em copos compostáveis e as camisas dos fãs e dos jogadores são feitas com bambu.
O que parece um projeto para o futuro já é realidade no clube Forest Green Rovers, com 130 anos. Para isso o clube tem que agradecer Dale Vince, um milionário de energia eólica, quem salvou o clube em 2010 da insolvência e quem mudou o clube radicalmente depois e introduziu uma cultura vivida da sustentabilidade. Por causa disso em 2017 o clube não só se tornou o primeiro clube de futebol vegano no mundo mas também conseguiu subir na quarta divisão. Em uma entrevista com a revista alemã Spiegel, Dale Vince revelou que ele vê a aquisição do clube como uma oportunidade para esclarecer e informar os fãs do clube como um grupo-alvo novo sobre as consequências das mudanças climáticas e a destruição do meio ambiente fazendo sustentabilidade a filosofia do clube.
Convencer o clube e os seus fãs não era fácil no início, lembra Dale Vince em uma entrevista com a o jornal Sueddeutsche Zeitung da Alemanha. O ceticismo foi grande no início, porque futebol está enraizado com tradições. Comer salsichas, bife e cheeseburger também era tradição quando se visitava o estádio. Mas ainda em 2015 o clube mudou a cantina completamente para comida vegana. Apesar dessa mudança e a permissão que os frequentadores do estádio possam levar outra comida, a cantina hoje vende quatro vezes a mais do que antes da mudança para comida vegana. Hoje os fãs aproveitam as várias novas opções na cantina, embora não haja carne. A cozinha vegana do clube é entretanto muito conhecida pois a cantina agora também oferece comida no estádio do clube FC Chelsea em Londres.
Além da alimentação, houveram mais mudanças e o clube ainda procura mais alternativas sustentáveis para tornar o clube ainda mais ecológico. Assim, as camisas do clube estão sendo feitas com bambu, a grama do campo não é mais tratado com fertilizantes químicos mas com alga e é irrigada com água de chuva armazenada. O clube também usa 100% energia verde, dos quais um quinto (⅕) é produzido em uma instalação de energia solar no telhado do estádio. No estádio, foi também instalado um posto de energia elétrica e gasolina verde para reabastecer carros. A gasolina verde é feita de gordura reciclada da cantina do clube. No caso das viagens para os jogos fora de casa, o clube compensa com pagamentos para o fundo do clima dos Nações Unidas. Não surpreendentemente o clube recebeu um prêmio em 2019 por ser o primeiro clube no mundo que é climaticamente neutro.
A maior visão do clube pode se tornar realidade já nos próximos anos: um estádio inteiramente feito de madeira e rodeado por vários milhares de árvores. O Eco Park deve oferecer espaço para 5 mil de frequentadores e um segundo campo vai estar disponível para o município e o público. O dono do clube tem certeza do sucesso do projeto, pois o estádio terá a menor pegada de carbono de todos os estádios de esporte no mundo.
Parece que a filosofia de sustentabilidade do clube está também alcançando os fãs do clube e fãs de futebol em geral. Nesse meio-tempo o clube tem fãs no mundo inteiro com mais de cinquenta torcidas organizadas em vinte países e as camisas feitas com bambu já foram esgotadas várias vezes. Muitos fãs realmente tomam o clube como um modelo a seguir e mudam por exemplo a alimentação deles para se tornar vegetarianos ou até mesmo veganos; eles compram carros elétricos, usam mais o transporte público e pensam mais em como eles podem usar energia renovável nas casas deles e tornar outros hábitos mais sustentáveis.
Além disso o clube toma o tópico da sustentabilidade no esporte em geral a peito. O clube foi um dos fundadores do Sports for Climate Action Framework (Quadro de Ação Esportiva para o Clima), o que os Nações Unidas criaram na Conferência das Partes 24 (COP24 na sigla em inglês) em 2018. A iniciativa tem o objetivo de aumentar a consciência para a sustentabilidade e apoiar ações na área do esporte para alcançar os objetivos da Convenção de Paris sobre as Mudanças Climáticas. Como líder na área de sustentabilidade do futebol, o clube dá conselhos mundialmente para outras organizações de esporte para reduzir sua pegada de carbono.
Então, não é sem razão que a FIFA chama o clube Forest Green Rovers o clube de futebol mais verde do mundo.
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